A alma veio, mas a amizade, empatia e consideração ficou com muitos alentejanos.
Como que em jeito de promessa, à semelhança da ligação entre Lisboa e Castelo Branco há uns anos, deixei no sapato a ligação de BTT entre a cidade de Portalegre e Castelo Branco. De fininha, percorri várias vezes esta distância, ficando a grossa no goto...
Ano após ano, tenho lançado este desafio a quem me quisesse acompanhar.
Em vão.
A intenção ideal seria fazer a distância de 92 kms na primavera, pois as cores primaveris e temperatura, seriam as ideais, mas...
Aproveitando o facto das temperaturas desta semana se manifestarem amenas, e a companhia a mesma quase de sempre, 5ª feira dia 16 de junho escrevi história para o baú.
Decidi não adiar mais, e a solo, como diz o Tony Carreira, "eu e a minha guitarra"( entenda-se eu e a minha bicicleta), ou agora, ou nunca mais concretizo este desafio.
Os colegas e amigos Matroca e Pires até me acompanhavam até Nisa, mas nesta 5ª feira a peregrinação militar a Fátima, fez com que estes amigos também não me fizessem companhia.
Com juízo no sitio, absorvendo em pleno dos perigos que envolvia esta tirada, a solo lá fui.
O amigo e colega de profissão, o Faia desde há muito se dispôs ir-me deixar ao Alentejo, ou a mais alguém caso assim fosse.
Pelas 6 da manhã, apanhei o Faia em Castelo Branco, e fomos até terras alentejanas.
O dia acordava frio, levando a que o impermeável me acompanhasse. 7 e pouco estava na cidade de Portalegre para ligar os castelos:
Castelo de Portalegre, Castelo de Marvão, Castelo de Vide e Castelo Branco. Dos dois trilhos em GPS que tenho, escolhi os que envolviam a passagem pelos castelos, pois constituem pontos de beleza.
Concentração absoluta, iniciei a aventura. O Faia veio embora, e eu, eu lá fui.
A saída foi de 8 kms em subida, coisa que me castigou um pouco, também fruto da ligação em pedestre entre Alcains e Castelo Branco dias dias antes.
Aos poucos a confiança dos trilhos vinham, sempre com olhar atento ao meu GPS; Existiram enganos com fartura.
Paisagens deslumbrantes esbarraram no meu olhar, mas imaginando se fosse na primavera...
Muitas recordações me passaram pela alma ao chegar à aldeia de Portagem e barragem da Apartadura. Noutros tempos, nos primórdios da bicicleta BTT, com um grupo de malta de Alcains fomos até aqui desfrutar com malta colega alentejana destes magníficos trilhos...
Decidi antes da tomada ao castelo de Marvão, comer a 2ª refeição do dia junto à ponte romana.
Que paraiso...
De Marvão a Castelo de Vide, o poder da mente militar foi obrigado a aparecer. O trilho envolveu muitas calçadas romanas, duríssimas em singles, desgastando brutalmente as minhas capacidades; confesso que afastei o GPS, em busca de uma estrada em asfalto para evitar este trilho.
Num ermo, se ao longo do percurso o cuidado e atenção estava sempre presente, por aqui só imperou o regime militar. Meteste-te nelas, agora aguenta-te...
UUFFF Castelo de Vide chegou finalmente aos 32 kms. Demorei uma eternidade nesta pequena ligação; os perigos constantes a isso obrigaram para não sofrer quedas ou mazelas...
Aqui, sem esperar, encontrei um colega de profissão, agora noutra situação, que me deu uma alegria muito boa em rever e do nada nos encontramos.
Começava a sentir fome novamente, e aproximava-me de Póvoa e Meadas.
Seria a paragem prevista; mas o desconhecido não prevê surpresas; a coisa que mais sempre temi no alentejo nas voltas com os colegas, foram as vacas ou touros...
A música ao km 45, dava lugar ao silêncio dos rodados da minha companheira, permitindo ao máximo ouvir algum mmmmmuuuuuuu...
Apareceu o dono do terreno onde circulava, e me alertou que as vacas todas marram!!!
Apreensivo, tive para lhe pedir boleia até Póvoa e Meadas, mas avisou-me que não tinha touros, e caso avistasse alguma vacas com crias, não me aproximasse.
Tinha que ser quase no fim do particular!!!
Cuidadosamente, e para evitar problemas, bati com os calcanhares no rabo 10 m....
Faltavam agora e recomposto, 30 kms para Vila Velha de Rodão, deixando assim o Alentejo.
Após reabastecer em Póvoa e Meadas, aproximavam-se as paredes de Nisa e VVRodão via Salavessa.
Um misto combinado de planícies alentejanas a contrastar com os montes da Beira Baixa; muito bonitas as vistas que vou guardar na memória e baú de recordações de mais um feito sob o slogan deste meu espaço.
Na Salavessa, encontrei um homem que reabasteceu o bidon de água em falta, aproveitando para perguntar se faltava muito para Vila velha de Rodão.
Dali a Rodão foi rápido e fácil, ressalvando a molha que me caíu em cima; um balde visto tratar-se de trovoadas.
Passei por locais únicos, como as fisgas do Tejo.
Eram duas da tarde quando deixei o Alentejo para trás.
Começava agora a fazer a derradeira etapa de montanha, mas por aqui os pneus da grossa já conheciam bem os buraquinhos.
Como os trilhos que levava no meu orientador já os conhecia, da Serrasqueira, optei por fazer em asfalto o resto da quilometragem até Castelo Branco.
Cheguei igual como comecei, direitinho, com sentimento brutal de mais um desafio, este um pouco diferente dos habituais, pois sozinho conquistei mais uma etapa que tenho que admitir em certas zonas se tornou algo robusta.
Uma logística algo fácil, em que hora a hora o meu colega Araújo recebia informação da localização, viagem e se tudo estava a correr como planeado, e ele também possuía o trilho, não fosse o "diabo"acontecer.
Ao Faia um agradecimento especial, pois sem ele ou outro como ele, não conseguia realizar este "sonho".
Fã e admirador destas grandes aventuras, o próximo está a ser preparado...
Aquele, o de sempre...
Trilho GPS
Trilho GPS
Pinto Infante
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