3ª feira desta semana, saciei a minha vontade de pedalar bem à moda antiga.
A companhia, a do costume; Eu e a minha bicicleta por aí, por onde quiséssemos. Desta vez, não foi bem assim. Foi orientado pelo pequeno aparelho que nos vai dando coordenadas. O GPS.
Comecei com estas andanças, e paixões com os meus amigos e colegas de Portalegre, indo nas folgas pelos montes alentejanos, servindo estes dias para terapia mental.
Muito bom.
Por motivos ora profissionais, ora por mandrionice, de há alguns tempos para cá as bicicletas penduradas aclamam a minha presença, mas tem sido uma chamada em vão!!!
Decidido, programei sem o respectivo calo de cú uma volta que conciliasse paixão, prazer e relembrar os meus companheiros alentejanos. 3 sandes xxl na mochila, programei feito principiante uma volta até Almaceda por mato(nem imaginava onde me iria meter...)
Pelas 07H3o´tudo a ser preparado, mas EL REI DOM SEBASTIÃO, sob as brumas e nevoeiro faziam a sua aparição. Vou ou não vou?!
Eis a questão???!!!
Sem ver palmo à frente do nariz decidi teimosamente arrancar para uma epopeia de aventuras.
Era 8 e pouco sentido Almaceda na serra virada ao Ingarnal, ou infernal.
Através de um nevoeiro muito intenso, fui cuidadosamente até à Santa Águeda. Como não era dia de cacinha, nos campos campos ecoava o chilrear dos passarinhos, alguns companheiros ao longo deste dia. Pensativo e algo apreensivo se seria a melhor altura para desfrutar deste itinerário, cheguei à barragem do Pisco em São Vicente da Beira, onde os raios de sol permitiam tirar o impermeável que me acompanhava.
Passei pela casa soberbamente recuperada do Drº Serafana, e neste bonito local comi e bebi sob um silêncio e paisagem magnífica, onde o pano de fundo é o lago e monte da Gardunha. Até aqui, os trilho eram do antecedente conhecidos. Daqui para a frente, só as coordenadas do GPS ditavam a orientação até Almaceda.
Nunca dantes tinha percorrido estas zonas de pinhal acompanhadas de eucaliptos até perder de vista. Vislumbrava ao fundo, juntamente com os sobe e desce as antenas de Paradanta e Ingarnal, circuito já feito em tempos com os meus colegas do Juncal.
Para esta 3ª feira a ideia era subir um pouco, evitando os lamaçais dos terrenos. Paguei isto bem caro.
Serra, sobe e desce e corta fogos, em que um teve que ser subido à mão. Problemas e preocupações com a transmissão, pois os roletes do desviador também eles a acusar desgaste, faziam com que as mudanças saltassem constantemente.
Os Pereiros, circulei-os em trilhos abundantes de história pelos caminhos rurais, onde aqui e acolá alguns jovens de idade a rondar as setenta e tais primaveras colhiam a azeitona das oliveiras.
Cuidadosamente, chegava Mourelo. Olhar atento a estas aldeias, onde jazem vivendas construídas com um propósito que provavelmente nunca será concretizado. O regresso dos emigrantes, se calhar não passou de palavras de futuro.
Horrível estes sinais de desertificação.
Vivendas, tasquinhas, terrenos, escolas primárias viradas a associações de caça/pesca, campos de futebol onde tanta e tanta vez se jogou solteiros casados...
O regresso, esse fica para quem o poder observar...
Do Violeiro e Tripeiro, só o vento ecoava no meu capacete...
A entrada em Almaceda, objectivo proposto para este dia, foi deslumbrante por quelhas e travessas de passeios de BTT. Muito bonita esta aldeia.
Uma foto de grupo, acompanhada de um pouco de água, porque a intenção era beber um café, mas àquela hora do dia estava tudo encerrado.
Próximo trilho, em terrenos já conhecidos, faziam a ligação a Barbaído, Martim Branco.
O xisto e o barro caracterizam esta zona muito natural da beira. Sempre em paralelo e com o ruído da abundante água que serpenteia a ribeira, o monte do Frederico chegava.
Barbaido. Não circulava por estes trilhos penso desde que levei a malta da "ROTA DOS LAGARTOS" orientado por GPS em ano 2012. Um lugarejo rodeado de xisto, e que fiz questão de ir ao encontro da tasquinha dos branquinhos carinhosamente servidos por quem já cá não está. O Ti Bem Vindo...
Tasquinha, tasquinha só ficou o sitio que quem como eu conheceu e fizeram história os branquinhos a €0,10 cêntimos. tudo fechado!!!
Fui-me embora triste.
Vale Sando, já cansado e acusar o esforço feito do sobe e desce inicial, com a agravante de não andar há muito tempo, rezei uma avé Maria até rainha Santa Isabel.
Tinalhas, e até casa foi a arrastar-me no asfalto. Tudo doía, tudo dava guerra.
Eram cerca das duas da tarde, quando a albufeira da Santa Águeda abraçava o meu regresso.
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Chegava finalmente ao conforto do lar, onde me esperava o sofá.
Uma volta à antiga, cheia de saudades um pouco por todas as razões, mas devia ter optado por uma volta mais plana, para evitar o empeno que levei,...
Venha de lá outra aventura de mochila às costas, pois o último do ano está por aí...
Aquele de sempre, sem os travões habituais...
Pinto Infante
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