sábado, 3 de dezembro de 2011

...de objectivo,a facto concretizado. 4ª etapa...

Se me propus traçar um objectivo para testar a minha resistência e vontade da coisa, ligando a cidade de Lisboa, capital de Portugal,  à aldeia da Lardosa numa bicicleta todo o terreno em quatro etapas, meus amigos, neste dia 3 de Dezembro para mim deixou de ser objectivo para passar a ser um facto. Consegui. Com a 4ª etapa na calha, a ligação da cidade de Santarém à cidade de Abrantes envolvia uma quilómetragem a roçar os 100 Kms, semelhante um pouco às outras 3 ligações.
Das 4 etapas previstas, esta 4ª e a 1ª decorriam muitos dos quilómetros feitos em plancies e vales em que na minha e penso que na memória do meu colega e companheiro Simões vão ficar com certeza. Em cerca de 180 Kms, apercebi-me da verdadeira bravura de um Tejo que ao enervar-se devora e invade o quotidiano das gentes que por ali moram e tentam fazer da agricultura o seu ganha pão.
No vale de Santarém,  lugarejo este que o São Pedro nesta aventura quis connosco partilhar, esquecendo a chuva e, brindando-nos com dias em que o agradecimento é pouco, para abrilhantar tamanha beleza da Natureza que por nós passou.



Mais uma vez, o pouca terra, fez parte desta ligação. Fomos até Abrantes, deixando o carro na estação, embarcando então no comboio com saída na cidade de Santarém. Cidade de Santarém não, porque da estação à cidade ainda são 7€ de táxi, isto se for tarifa diurna...eh eh...
Fotos Pinto;

Como no Sábado antecedente tinhamos rachado com o frio, desta vez de pernitos fizemos um manguito ao frio. 9 da manhã, tudo pronto e já com o cafézinho da manhã no bucho, iniciávamos a derradeira etapa.

Sol, temperatura de 10º, saimos com trilho no GPS direccionados à aldeia do Reguengo do Alviela. O interesse era vermos e testemunharmos aquilo que se fala e vê nos media. A invasão das águas do Tejo. A agricultura por aqui é rainha. Sua magestade, a planicie é algo de soberbo que se observa por aqui. Couves, tomates, melões e vinha. Produções à escala mundial, e acreditem, a perder de vista.
Não podiamos ter calhado com melhores dias para isto. O sol brilhava nas águas das charcas, rios e ribeiros para fazer parte das imensas fotos que tirámos. Lindo.
Se na ligação Lisboa a Santrém a lama foi inimiga, nesta etapa nunca como tal...
Vale de Figueira, Pombalinho, Reguengo do Alviela, Mato Miranda, terras que observavam a passagem de dois  saltimbancos das bikes.
No meio das planícies, a lama ia fazendo das suas. Diría esquisita uma terra riquíssima para estes terrenos, mas inimiga para as bikes. Caso esta tirada estivesse agendada para 8 dias atrás, tinhamos que introduzir algumas alterações.

Agarrava-se teimosamente às rodas fazendo com que as bikes pesassem o dobro, mesmo a tal ponto de bloquear as rodas. Um obstáculo dificil de transpor.Nunca visto.

Riachos viria a seguir.
Qaundo circulávamos calmamente nestes terrenos, um caçador tentando a sua sorte, com o fiel companheiro, o seu cão, cruzou-se connosco, tudo bem até aqui; o seu traiçoeiro cão, curiosamente não ladrou veio em minha direcção e fez questão de experimentar o sabor do carbono. Não percebeu muito bem a linguagem do outro!!!
Refeitos do susto, Riachos,  além de ser o lugar escolhido para o pão caseiro que levávamos às costas, foi também a partir daqui que começámos a rolar com mais rapidez.

Um dos pontos altos desta etapa, foi a passagem pelo parque Natural do Boquilobo. Já ouvira falar, mas que nunca tinha tido oportunidade de visitar. Vida animal, flora e fauna são trunfos intocáveis que enriquecem esta zona dos Riachos/Entroncamento.
Não sei se foi a aproximação à cidade do Entroncamento, mais conhecida pela terra dos "fenómenos", mas um forte vento se levantou, tornando desagradável circular.
Com trilho no GPS a passar por outro parque natural, este bem conhecido por mim, o parque do Bonito no Entroncamento poi palco de uma desagradável surpresa. Obras, tudo vedado e a beleza deixámos de a poder ver, e que originou uma grande alteração ao trilho, fazendo com isto uma demora adicional.

Aproximava-se para mim um dos muitos momentos marcantes deste dia. A passagem por Tancos, constituia algo de interesse adicional, uma vez que passei 8 meses ao serviço da Nação, cumprindo o serviço militar obrigatório. Através de single track muito bonito, vislumbrávamos o Castelo de Almourol, onde o rio Tejo beija as suas muralhas. Se memórias tinha, neste dia foi vez de as recordar. Tentámos visitar o complexo da Engenharia, mas nos dias de hoje, os portões substituem os antigos sentinelas, sendo que só um se encontra na cancela principal....tudo acaba...
Constância, aquela terra que baptizaram com o nome da amante do rei, segundo reza a história. também ela beijada pelas águas de um Tejo que aos poucos se ia despedindo de nós.
A despedida, começava a cheirar este dia...
A barreira dos 80 kms era ultrapassada, e através dos campos outrora plantados com milho e trigo, começávamos a avistar a cidade onde iria terminar o dia de hoje.
Abrantes.
A noite começava a cair, quando num erro incrível da minha parte(onde é que já ouvi erro???!!!), ateimei que tínhamos chegado a Abrantes, e o Simões alertou-me que o carro não tinha ficado em Alferrarede, mas sim em Abrantes...Duas vezes seguidas, e sempre no fim das etapas erro desta maneira...(só me apeteceu chamar "Zé Manel" a mim mesmo!!!)...

Lavar bikes que bem mereciam e dar por terminada a 2ª etapa, que se transformou na 4ª e última.
Objectivo concretizado. Ligação na modalidade BTT entre a capital de um país comandado por uma tal de Tróika, a cidade de Lisboa, e uma aldeia da Beira, Lardosa,  com gentes que como eu sofre na "pele" as vicissitudes da actualidade.
380 Kms percorridos, duas 6ªs Feiras, dois Sábados.
Foi bom chegar à cidade de Abrantes e absorver um sentimento de dever cumprido, mais ainda agora que a Beira Baixa já me faz companhia todos os dias novamente.
Uma desafio com o cunho de "as voltas do Pinto Infante", e que o meu companheiro de luta fez questão de abraçar e comigo partilhar esta aventura.
Fotos do Simões:

Para mim, com toda a certeza fazia esta ligação sózinho, mas não era a mesma coisa.
Partilhar momentos de alegria, riso, muito nos rimos das parvoeiras que quer um, quer outro fomos dizendo, ouvir as galhofas e dizeres de gentes por onde passámos, desabafos, tristezas, roupa suja, e até de algum medo(3ª etapa), foram para mim momentos que serviram para fortalecer a amizade e companheirismo, e fazerem desta aventura algo de muito bonito na companhia das bicicletas.
Resta-me agradecer a companhia do Simões, pois conseguimos...
Agora, se Lisboa ficou para trás, resta-me marcar na agenda a outra...em asfalto...
Aquele de sempre...
Pinto, o Infante

4 comentários:

FMicaelo disse...

Parabéns ao dois por terem completado com sucesso - a divertirem-se e sem acidentes, esta saudável "maluqueira" que se propuseram completar.... a vida é muito mais saborosa com estas "pequenas" aventuras, saindo das "saias" da terra mãe, partindo á descoberta deste nosso Portugal tão peculiar! Abraço e até 18!

Pinto Infante disse...

Eh Micaelo. é verdade. sem incidentes nas nossas máquinas. 2 furos os únicos problemas, se é que se pode considerar. "saias" da terra Mãe que agora mais uma vez é minha. estou de regresso à Beira e coincidência ou não coincidiu com o meu regresso. cá te espero dia 18 para o último do ano com a carolice de sempre.
grande abraço
Pinto Infante

Anónimo disse...

Boas J.Pinto Parabéns tambem ao nosso Amigo Simões pela conlusão da ultima tirada da vossa aventura,ficam para a posteridade as belas fotos e imagens.Um abraço do Tavares.
PS:Bem vindo de novo á nossa Beira Baixa.

Pinto Infante disse...

Grande Idanhense.Sempre a acompanhar este meu cantinho. Dia 18 de Dezembro cá vou ter o previlégio de receber 4 companheiros Idanhenses para comigo e mais alguns pedalarem na Lardosa, num passeio à antiga, Guiado com um enorme pelotão.
Quanto ao regresso, é de facto muito bom estar em casa junto da familia e amigos.
Obrigado pelo comentário
Pinto Infante